sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Ausência


Informo todos os que visitarem este blog que o mesmo estará em pausa durante duas semanas, por motivos de férias... numa qualquer praia deste nosso Port YouGall.


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Ainda a questão da Impermanência...

No seguimento do post "Impermanência, Dharma e Interdependência", coloco aqui um vídeo do Lama Khetsung Gyaltsen, lama budista tibetano de origem portuguesa. Com palavras muito simples consegue atingir o cerne da questão.

Treino da mente na prática do quotidiano

Integrando o caminho espiritual com a vida cotidiana

A purificação e geração de mérito constituem o caminho para a iluminação e podemos encontrar constantes oportunidades para integrá-las às nossas atividades cotidianas. As pessoas, em geral, queixam-se de que não têm tempo para fazer prática formal. Entretanto, qualquer dia pode ser estruturado como uma sessão de meditação prolongada.

• Ao acordarmos pela manhã, nos alegramos com o fato de termos mais um dia para consumar a prática espiritual.
• Estabelecemos uma motivação pura e forte para deixar de prejudicar os outros por meio de nossas ações do corpo, fala e mente e para beneficiá-los como pudermos.
• Durante o dia, verificamos a nossa mente – mesmo quando estamos conversando ou ocupados com atividades – para ver se essas ações advêm de uma intenção pura ou de venenos como o egoísmo, o orgulho, a inveja e a raiva. As ações ou palavras podem ser exatamente as mesmas, mas a motivação positiva ou negativa por trás delas determinará seus resultados cármicos.
• À noite, antes de dormir, refletimos sobre o nosso dia. Se encontrarmos momentos em que fracassamos em seguir nossas boas intenções, podemos purificá-los. Invocamos um ser iluminado como nossa testemunha, reconhecemos nossa falha, geramos remorso por tê-la cometido, fazemos o compromisso de não repeti-la e recebemos a purificação visualizando que luz se irradia de nossa testemunha iluminada, nos permeia e purifica a negatividade.
• Também relembramos os momentos em que criamos mérito com nossas ações, nossa comunicação e intenções positivas. Imaginamos esse mérito se expandindo e formando uma vasta oferenda que se dissolve nas mentes de todos os seres por todo o universo.

Praticantes secretos

Do mesmo modo que uma pessoa, ao acender uma vela, fornece luz para todos que estão no mesmo ambiente, a dedicação do mérito que geramos individualmente aumenta qualidades positivas – prosperidade, longevidade e felicidade – para todos os seres.

Os ensinamentos de Buda nos permitem consumar uma transformação através da prática espiritual sem nos sentarmos numa almofada, sem anunciarmos nossa crença para os outros, sem religiosidade externa. Internamente, treinamos nossa mente e nos tornamos praticantes secretos no caminho à iluminação.


Texto retirado daqui

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Chuva - Mariza

Excelente música (uma das minhas preferidas da Mariza) aliada a lindíssimas imagens!!!

Vale a pena ver e ouvir.




terça-feira, 16 de setembro de 2008

Impermanência, Dharma e Interdependência



Impermanência... conceito tão simples e ao mesmo tempo tão importante. Tão importante se torna que pode mesmo mudar vidas.

Pessoas que por alguma razão olham mais de perto este conceito, mudam certamente o rumo das suas vidas... outras que estejam despertas para esta realidade valorizam-no a cada dia que passa. Quem nunca ouviu falar de pessoas que têm experiências de quase-morte e que depois de virem a si, regra geral, alteram as suas prioridades na vida, começam a dar importância àquilo que é realmente importante.

O conceito de impermanência é aquele que define que tudo é passageiro, efémero, que nada é eterno.
Ao vermos a realidade com estes olhos qualquer que seja a situação que se nos atravesse no caminho, somente podemos perceber que é um instante na nossa vida, embora naquele momento nos possa parecer uma eternidade.

Senão vejamos:
  • quão significativo é lidar com uma pessoa mal-humorada durante uns minutos, horas ou mesmo dias se essa pessoa tem que conviver consigo própria durante 24 horas por dia, durante toda uma vida?
  • que poderá significar o nervosismo de um engarrafamento no trânsito citadino durante uns minutos ou mesmo umas horas, quando podemos apreciar a paisagem, aproveitar para ouvir uma boa música, estar algum tempo só connosco?
  • o que significará a morte em si mesma se encararmos a impermanência como um factor que faz parte da nossa vida e ao qual ninguém pode escapar?
Muitos exemplos poderiam ser dados para retratar a sua importância. Apenas estejamos plenamente conscientes de que, quando se nos deparar uma situação mais difícil, podemos reagir de duas formas: acreditarmos que é um momento passageiro que nos vai permitir progredir e melhorar a nossa percepção da vida, ou então, embrenharmo-nos plenamente no acontecimento e deixarmo-nos levar por toda a catadupa de sensações e sentimentos, que daí a pouco terão passado mas que terão deixado a sua marca e que só contribuirão para ficarmos mal connosco próprios e com os outros.


Os seres humanos inflingem a si próprios sofrimento quando consideram o seu ego como permanente, entrando assim em conflito com um mundo em constante mudança, à qual ninguém poderá escapar.

Deste modo, é de toda a urgência que acordemos para o Dharma, a verdade da impermanência. O termo Dharma refere-se a inúmeros conceitos incluindo verdade, virtude, ensinamentos e Nirvana. Mas Dharma significa, acima de tudo, a mudança que ocorre quando acordamos para a verdadeira natureza das nossas vidas.

Buda Shakyamuni acordou para o Dharma da impermanência enquanto meditava debaixo de uma árvore e foi nesse instante que percebeu que todos os seres vivos, sejam eles humanos, animais ou plantas um dia haveriam de desaparecer deste mundo. Deste modo, sentiu grande compaixão por todos os seres sencientes e viu então que somos todos interdependentes. A partir desse momento Buda decidiu dedicar o resto da sua vida ensinando as pessoas a aceitarem a impermanência como forma de acabar com o sofrimento.

Mas o Dharma não pode ser ensinado às pessoas de uma forma tradicional. A mudança apenas ocorre quando estamos "plenos" de Dharma e podemos ser um exemplo para os demais. É então que "acordamos" para o facto de que toda a vida está interligada, como se de um entrelaçado de tapeçaria se tratasse. E aí sentimos verdadeira compaixão por tudo o que tem vida.

Dharma também significa Nirvana, esse estado último alcançado quando interiorizamos verdadeiramente as causas da nossa auto-centrada insatisfação. Podemos alcançá-lo com uma mente saudável, que é outro significado de Dharma. Para atingirmos esta mente virtuosa, temos que estar aptos a aprender, porque Dharma também é ensinamento - qualquer ensinamento que nos ajude a alcançar um estado de compaixão pode ser considerado Dharma.

A palavra Dharma é um guia precioso no caminho para a iluminação. Ao abrirmos a mente para os ensinamentos que todos os dias nos cercam, começamos a interiorizar uma nova e saudável mentalidade. Os nossos mestres podem assumir muitas formas, desde uma pessoa da nossa família, um amigo... até uma frase, um livro ou uma provação mas também podemos encontrar esse guia dentro de nós próprios. Ao despertarmos para a verdade da nossa interdependência e impermanência incorporamos a própria e última verdade.


"Enquanto houver algum ser senciente,
Onde for, que não tenha sido libertado,
Que eu possa permanecer por sua causa,
Mesmo que eu já tenha atingido a iluminação."

Extracto da Prece dos Sete Ramos, de Nagarjuna

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Árvore de Amigos

Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples
fato de terem cruzado o nosso caminho.
Algumas percorrem ao nosso lado, vendo muitas luas passarem, mas
outras apenas vemos entre um passo e outro.
A todas elas chamamos de amigo.
Há muitos tipos de amigos.
Talvez cada folha de uma árvore caracterize um deles.
O primeiro que nasce do broto é o amigo pai e o amigo mãe.
Mostram o que é ter vida.
Depois vem o amigo irmão, com quem dividimos o nosso espaço para que ele
floresça como nós.
Passamos a conhecer toda a família de folhas, a qual respeitamos e
desejamos o bem.
Mas o destino nos apresenta outros amigos, os quais não sabíamos que iam
cruzar o nosso caminho.
Muitos desses denominados amigos do peito, do coração. São sinceros,
são verdadeiros.
Sabem quando não estamos bem, sabem o que nos faz feliz...
Às vezes, um desses amigos do peito estala o nosso coração e então é
chamado de amigo namorado.
Esse dá brilho aos nossos olhos, música aos nossos lábios, pulos aos
nossos pés.
Mas também há aqueles amigos por um tempo, talvez umas férias ou mesmo
um dia ou uma hora.
Esses costumam colocar muitos sorrisos na nossa face, durante o tempo
que estamos por perto.
Falando em perto, não podemos esquecer dos amigos distantes.
Aqueles que ficam nas pontas dos galhos, mas que, quando o vento
sopra, sempre aparecem novamente entre uma folha e outra.
O tempo passa, o verão se vai, o outono se aproxima, e perdemos
algumas de nossas folhas.
Algumas nascem num outro verão e outras permanecem por muitas estações.
Mas o que nos deixa mais feliz é que as que caíram continuam por
perto, continuam alimentando a nossa raiz com alegria.
Lembranças de momentos maravilhosos enquanto cruzavam com o nosso caminho.

Desejo a você, folha da minha árvore, Paz, Amor, Saúde, Sucesso,
Prosperidade... Hoje e Sempre... simplesmente porque:
Cada pessoa que passa em nossa vida é única.
Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós.
Há os que levaram muito, mas não há os que não deixaram nada.
Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente de
que duas almas não se encontram por acaso.

P.S.: só 3 apontamentos - não sei quem é o autor, anda a circular pela internet e acho muito bonito.

Dia do Idoso Japonês

Navegando pela internet descobri que hoje, entre muitos outros, é o Dia do Idoso Japonês.
E porque falo eu neste dia e não noutro qualquer? Por uma razão muito simples.



Há dias vi uma notícia na televisão que dava conta que no Japão existem cerca de 36000 centenários, ou seja, pessoas com mais de 100 anos e só no último ano foram 4000 os que contribuiram para este número.


Mais alguns números para ficarmos de boca aberta:
  • cerca de 86% são mulheres (mais de 31000);
  • mulher mais velha com 113 anos e o homem mais velho com 112;
  • até 2050 este número atingirá UM MILHÃO!!!
Mas, como tudo tem sempre um mas..., a longevidade dos anciãos está a criar problemas no sistema de saúde e pensões do país, pelo que os contribuintes mais jovens vão ter de trabalhar e pagar mais impostos para poderem garantir a sua própria reforma.

Aqui está mais uma prova de que temos muito a aprender com os povos orientais.

domingo, 14 de setembro de 2008

O blog...

Este blog não tem pretensões em especial, é apenas uma interpretação individual da vida tendo por base a filosofia budista e outros valores em que acredito serem essenciais ao desenvolvimento do ser humano. A informação aqui contida advém principalmente a partir de leituras que vou fazendo em livros e na internet e da minha experiência quotidiana. Houve e continua a haver grandes mestres aos quais só tenho que agradecer por todos os ensinamentos que recebi até hoje, assim como faço deste blog uma honra a todas as pessoas que têm passado por esta minha vida e áquelas que ainda um dia irão passar. Bem hajam por serem os meus melhores mestres nesta caminhada!

Ohm Shanti!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Todos nós podemos fazer flores a partir de flechas


"Na noite anterior à sua iluminação, Buda foi atacado por Mara, o Tentador, o Maligno. Mara e o seu exército de demónios atiraram milhares de setas a Buda, mas, quando as flechas estavam prestes a atingi-lo, transformaram-se em flores e caíram, inofensivas, aos seus pés.

Esta é uma imagem extraordinária. Todos nós podemos praticar para que, ao recebermos palavras e acções violentas, tal como Buda, as transformemos em flores. O poder da compreensão e da compaixão dá-nos a capacidade de o fazer. Todos nós podemos fazer flores a partir de flechas."

Esta é uma transcrição literal do livro "Criar a verdadeira paz" do Venerável Thich Nhat Hanh, monge budista da escola Zen. Este vietnamita nasceu em 1926 e tornou-se monge aos 16 anos. Viveu a guerra do Vietname esforçando-se por reconciliar as facções Norte e Sul mas foi obrigado a exilar-se em 1966 pelos seus esforços terem sido entendidos como uma forma de sabotagem. Parece incrível mas ainda hoje, depois de tantos anos, está proibido de voltar à sua terra natal.
Sendo um dos seus maiores divulgadores, foi a partir dos EUA que divulgou o Budismo no Ocidente, particularmente formas não violentas de resistência e desobediência civil. Fundou diversas instituições de apoio a refugiados e teve um papel preponderante no estabelecimento do acordo de paz entre os EUA e o Vietname do Norte.
Foi em 1967 que Martin Luther King o nomeou para Prémio Nobel da Paz. Em 1991, Thich Nhat Hanh fundou um retiro de meditação no Sul de França, onde vive com monges, monjas e leigos, dedicando-se à escrita, ao ensino e à jardinagem. As suas conferências por todo o mundo sobre a paz e a não-agressão continuam a ter uma assistência de milhares de pessoas.


Vale a pena passar pelo site AQUI